Foi realizada na manhã da quarta-feira (06), Audiência Pública para debater o tema “Queimaduras – Questão de Saúde Pública”. Na ocasião, foi discutida a Lei 5.935/2017, que institui a Semana de Prevenção de Queimaduras: prevenção, tratamento, informações, orientações e políticas públicas.
A autora da Lei nº 5.935/2017, vereadora Enfermeira Cida, explicou para alunos, pacientes/clientes e autoridades a importância da Lei. “Quem passou por essa questão de queimadura sabe o que estamos falando e o porquê tive tanto empenho em transformar um Projeto em Lei, cada um que está aqui faz parte desse processo” discursou.
Cida Amaral falou sobre políticas efetivas e sobre o tempo em que ficou no setor de queimados da Santa Casa. “Durante 20 anos trabalhei no serviço de tratamento de queimaduras e, cada paciente que chegava para o tratamento, tem uma família que está sofrendo. A queimadura deixa marcas para sempre, seja física ou psicológica. Acreditamos na prevenção, precisamos fazer mais, precisamos de políticas públicas efetivas, que resolvam os problemas da população, mas tem problemas que podemos evitar como a queimadura, que é uma questão de saúde pública”, declarou.
De acordo com o coordenador Estadual de Vigilância Sanitária, Adam Macedo, a população precisa ser protegida. “Os acidentes têm como palco as residências, almoços, envolvendo churrasco, com esse álcool líquido. Precisamos conscientizar a população de não utilizar o álcool impróprio para acender churrasqueiras e chapas de bife. É muito importante conscientizar a população e ter essa semana de prevenção de queimaduras”, ressaltou.
Para a psicóloga da Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), Miliane Higa, a secretaria realiza o trabalho de prevenção e o serviço de atendimento após o trauma com queimaduras. “Temos os CRAS que são serviços de referência, que trabalham com famílias na questão da prevenção. Além disso, temos os CREAS, porque infelizmente, às vezes, os casos não foram acidentes, e sim os pais que jogam produto quente nas crianças, por conta da bebida e drogas no ambiente familiar, colocam crianças em risco. A equipe especializada de assistência social acompanha a família, fazendo um trabalho, tanto na prevenção quando após o fato ocorrido”, alegou.
Durante a reunião, o cirurgião plástico Dr. Felipe, apresentou orientações de primeiros socorros. “Infelizmente o brasileiro é teimoso, gosta de utilizar o álcool para acender churrasqueiras, porque é mais rápido, mas as consequências são maiores. A queimadura térmica é a mais comum, o ideal é afastar todos do ambiente, extinguir a fonte de calor. Não adianta bater a roupa na chama, o ideal é tirar o combustível do fogo (oxigênio) abafando a chama, jogar uma toalha em cima da queimadura, rolar no chão também tem seus benefícios. Já a queimadura elétrica, o ideal é desligar a força, não pode encostar-se ao paciente. Na queimadura química o ideal é retirar o material que está causando a lesão, e usar água corrente (chuveiro, mangueira, torneira). Em todas as situações é necessário que alguém mantenha a calma no acidente, para conseguir prestar os primeiros socorros”, afirmou.
Conforme o comandante – Chefe da Sessão de Operações, Paulo Costa Neto, represente do Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar, o corpo de bombeiros é acionado quando se falhou na prevenção. “Quando se falha na prevenção entra o Corpo de Bombeiros e o Samu. Vários queimados não procuram atendimento médico, fazem tratamento caseiro com pó de café, creme dental, quando acionam o Corpo de Bombeiro, geralmente o paciente já está com ferimentos em estágio avançado, com algumas complicações. Outra situação preocupante é transportar o acidentado no próprio veículo, o ideal é tratar com água corrente até a chegada do socorro. Até o mês de maio, atendemos sete ocorrências com queimados.”, alertou.
Para a psicopedagoga, Dra. Terezinha de Jesus Abreu de Souza, os profissionais que atuam no serviço de queimaduras merecem ser parabenizados. “Eu quero parabenizar o serviço dos profissionais dedicados ao tratamento de queimaduras, o trabalho é importante porque é voltado para o processo de cura do paciente, em todas as suas fragilidades”, enalteceu.
A fisioterapeuta, Vânia Sabino explicou a importância da profissão para prevenção de sequelas. “Antigamente a fisioterapia só iniciava abordagem após a alta hospitalar, um trabalho tardio, atualmente se inicia na fase aguda. Trabalhando no início consegue prevenir sequelas”, apontou.
O vereador Pastor Jeremias Flores parabenizou o serviço prestado pela Santa Casa no setor de queimaduras. “Parabenizo o Hospital da Santa Casa que é referência aqui no Estado em tratamento de queimaduras, importantíssima essa Lei que trata sobre a prevenção de queimaduras”, disse.
No fim da audiência, Marcos da Silva, 22 anos que sofreu um acidente com queimadura, teve o braço esquerdo e parte do tórax queimados, deu seu depoimento. “No ano passado eu sofri um acidente com bife na chapa, um acidente muito delicado. Recebi ajuda de muitas pessoas na minha recuperação. O meu tratamento foi feito na Santa Casa, e após um ano, meus ferimentos estão bem cicatrizados, quero agradecer a todos que me ajudaram. O tratamento é difícil, é doloroso, mas não devemos desistir”, concluiu