Riscos do uso de cerol e linha chilena em pipas são debatidos em audiência proposta por Enfermeira Cida Amaral

30/09/2019

A audiência pública “Não deixe o cerol cortar a sua diversão”, realizada para debater o Projeto de Lei nº 9467/19, que institui a Semana Municipal de Prevenção de Acidentes com Pipas em Campo Grande, foi realizada na sexta-feira (27) na Câmara Municipal de Campo Grande. Durante a reunião foi debatido o risco do uso do cerol e da linha chilena nas pipas. O debate foi convocado pela vice-presidente da Comissão de Saúde, vereadora Enfermeira Cida Amaral (Pros).

O Projeto de Lei tem como objetivo difundir informações e orientações, com linguagem acessível e simplificada, sobre os riscos de acidentes com pipas, onde é utilizado o cerol e alinha chilena. Além disso, propagar os riscos desses acidentes com pipas, as consequências psicológicas, estéticas e fatalidades decorrentes de lesões causadas por acidente por causa do uso ilegal de produtos na linha das pipas. De acordo com projeto a conscientização será através de folhetos, cartazes, cartilhas, livretos, peças publicitárias, bem como mostra de vídeos, filmes e documentários, que irão contribuir para as finalidades estabelecidas.

A vereadora Enfermeira Cida Amaral acredita que a prevenção é o melhor caminho. “Não basta ter lei, temos que conscientizar o nosso povo sobre os riscos do cerol. Eu, como enfermeira, luto pela prevenção. Já tive o desprazer de atender pessoas que não tiveram a felicidade de sobreviver. Já atendi pessoas que deceparam traqueia e artérias, e morreram, pois não tem jeito. Já atendi crianças que deceparam o braço pela linha chilena. Não somos contra as pipas, mas contra o cerol e a linha chilena. Eu falo com conhecimento de causa. Sou uma jovem senhora, que será avó. Quero ver meus netos brincando com pipa, sem o risco de se matarem, ou matarem alguém”, disse a vereadora.

De acordo o presidente do grupo de proprietários de Harley Davidson do Brasil, Gustavo Assunção, o uso ilegal das pipas atinge não somente ciclistas e motociclistas. “Somos totalmente contra cerol e linha chilena. Infelizmente, somos obrigados a usar antenas que cortam linhas. É uma questão de precaução, obrigatória, indevida. Não deveríamos comprar a antena, não deveríamos nem ter cerol na rua. A linha com limalha, por exemplo, causa curto circuito em rede elétrica. Em Minas Gerais, 1,2 milhões de pessoas já foram afetadas por falta de energia. Ela também é cortante. Foram mais de 30 casos registrados em 2018 de crianças eletrocutadas com linha de limalha. Cai a pipa na alta tensão, morre instantaneamente”, alertou.

Para Marcelo Monteiro Salomão, titular do Procon-MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor), a regulamentação das pipas é necessária. “Toda a sistemática de comercialização de produtos vedados por lei é fiscalizada pelo Procon. Soltar pipa não é ilegal. Comercializar produtos que tornam a linha cortante, sob qualquer arte ou manuseio, passa a ser ilegal. Se criarmos um sistema que garanta a saúde não só dos motociclistas, mas de todos, chegaremos a um denominador comum, para que todos possam ter seus espaços. Se nos organizarmos, dentro da lei, vamos chegar muito longe. Temos que criar um sistema para que ninguém fique refém, e o sistema de proteção do consumidor não prevarique”, defendeu.

A audiência contou também com a presença dos representantes da associação de pipeiros. Hebert Tolini, acredita que Campo Grande necessita de um local específico para a prática do lazer.

O Projeto de Lei continua em tramitação na Casa de Leis.

Jornalista – Maria Pereira